A ÁRVORE NATAL DE TIMOR
A
árvore de Natal de Timor é polémica na boca dos Timorenses, que mercê da época
Natalícia que se atravessa, apenas falam devagar e baixinho em forma de oração
ou ladainha.
A
árvore de Natal de Timor não tem luzes, dizem uns.
Não
há eletricidade, dizem outros.
Não há
dinheiro, dizem todos.
Há
dinheiro, mas não chega para todos.
A
árvore está inclinada, dizem alguns.
Para
a esquerda, ouve-se sussurrar.
Qual
que? inclinada está! mas NÃO p’rá
esquerda.
Para
aonde? Alguns perguntam.
Para
os “Kóes” dos tubarões.
E
para a boca dos avós “Lafaek”.
Tudo,
a costumada má língua de Díli, e,
tudo
por causa da Árvore de Natal.
A
árvore de Natal de Timor,
Que
nem sequer é um pinheiro,
Pois
em Timor não há pinheiros, só ai-kakeus,
E, a
má língua continua como música de fundo,
Tapando
o choro das crianças,
sem
leite e
sem
pão.
Sem
brinquedos para brincar.
Sem
doces para comer,
sem
roupa nova para estrear, quando vão com os pais à missa do galo.
Sem
Perú para a consoada, consoada? Que é isso?
Bom,
seriam uns rebuçados e um pouco de pão,
E um
copo de leite,
E um
pudim de ovos,
bem,
se não houvesse ovos, talvez uma “hudi-sona”,
com
um café, ou um chá para enganar.
São
isto os sonhos do Natal, do menino Jesus, - e do menino de Timor- deitado numas
palhinhas, naquele presépio pequenino feito em casa com muito amor, e com luz de
uma vela. O presépio tem luz…
Mas
deixemo-nos de sonhos e poesia barata, pois temos que ir ver o Mau Buti que
está a chorar, ele ficou coberto de pó quando um Jeep Hummer de vidros escuros
passou mesmo junto da palapa e a nuvem de pó, encheu todos os buracos da casa.
mco
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