Caro amigo Mau Lear ao procurar noticias sobre Timor dei com o seu blog e como amante de tudo o que diz respeito a essa Terra “que o sol nascendo vê primeiro” não resisti a tentação de dar uma vista de olhos pelo que estava escrito nele. Gostei. Sei que vai ter dificuldade de sobreviver pois que as pessoas muitas vezes não se interessam pela calma literatura sem política e contestação a mistura, mas talvez se os escritos aceites por si forem fora do contexto político, ao fim de algum tempo as pessoas se interessem em escrever umas linhas. Comigo pode contar incondicionalmente, e para começar ai vão umas historietas:
Todos os que se interessam por assuntos de Timor sabem que existem alguns itens que estão desde sempre ligados a sociedade tradicional Timorense, o galo e a luta, o cavalo e as corridas, as suriks etc.etc.etc.. Todos eles tem uma forte ligação a personalidade TIMORENSE.
O Galo e o companheiro por excelência do homem timorense e acompanha-o sempre nas suas saídas, quer para festas tradicionais, quer para os bazares. Ele e a representação do espirito guerreiro do seu dono e esta sempre pronto a morrer por ele e este, revê-se na sua valentia.
Quando a “tara” volta suja de sangue e penas do adversário, e o delírio e quando o adversário morre ou foge e o “Bidu,” o mesmo, com que, em tempos de antanho, festejavam as vitorias sobre os seus inimigos.
Alem do galo, o cavalo e de uma importância crucial na vida e economia de Timor.
Como poderíamos conceber a sociedade Timorense sem cavalo?
Como ir ao Bazar por montes e vales, para trocar produtos, especialmente da terra, por outros produtos necessários ao dia a dia ?
O cavalo na vida do Timorense e alem do factor riqueza também uma necessidade das mais prementes para a sua sobrevivência.
Estes animais pequenos de corpo, mas de uma resistência de ferro, ao longo dos tempos influenciaram definitivamente a vida, no transporte de pessoas e bens, no trabalho pisando os campos de arroz e muitas vezes nas competições, como corridas tradicionais, enriquecendo o seu dono ou levando-o a miséria .Queria contar aqui algumas historias de cavalos que mudaram quase radicalmente a vida dos seus donos.
A historia do Cavalo LEKEDE
A historia do cavalo LEKEDE e bastante antiga, talvez não chegue aos cem anos mas deve andar perto dos sessenta e tais, para mais. Nesse tempo era Liurai de Fatu Mean um mestiço chinês chamado Nai Klara. Ele era um jogador mas era também um homem muito esperto.
Contava-se que era o chefe do grupo de salteadores que roubavam do outro lado da fronteira (Indonésia) o gado balines que se desenvolvia nas regiões limítrofes do seu suco.
Dizia ele a boca cheia que os Holandeses tinham introduzido o gado balines na Indonésia e que ele o tinha introduzido em Timor (roubado).
Nessa época havia em Betun, do outro lado da fronteira, um regulo que tinha um grande antagonismo com Nai Klara, esse regulo possuía um cavalo muito rápido, mesmo imbativel e desafiou Nai Klara para uma corrida de cavalos.
Haveria uma aposta forte em dinheiro, gado bovino e cavalar entre os dois liurais e também entre o povo.
Nai Klara tinha bons cavalos, ele era um amante desses animais, mas não tinha nenhum que se pudesse bater com o outro cavalo, ele sabia isso, no entanto ele aceitou o desafio.
Mensagens para ca mensagens para lá, a aposta ficou concluída e o dia da corrida marcado. Ficou acordado a pedido de Nai Klara que haveriam duas corridas, a primeira do outro lado da fronteira e a segunda do lado do Suai.
Ora Nai Klara tinha dois cavalos brancos, irmãos, igualzinhos e enviou para a corrida um deles de nome LEKEDE.
A corrida não era feita em pista circular mas em corta-mato de um local ate outro, com alguns quilómetros de distancia, o cavalo de Betun, ganhou com um avanço muito grande.
Nai Klara perdeu e pagou a sua aposta. O povo do Suai pagou também a sua divida ao povo de Betun sem pestanejar.
E durante uma semana o povo de Betun veio a Suai cobrar a divida e levou gado e bens para o outro lado da fronteira.
Nai Klara fez-se esquecido sobre a segunda corrida ate que passados dois meses o Liurai de Betun, de novo, quis marcar a corrida no Suai.
O Liurai e o povo de Betun apostaram tudo o que tinham, em gado e dinheiro, com a ganância de ganharem toda a riqueza do povo do Suai.
Na data aprazada, o povo de Betun invadio o Suai, para começarem a cobrar a divida logo após a corrida, pois seria impossível eles perderem a competição.
Começou a corrida e o cavalo do Liurai de Betun ganhou logo a dianteira ate desaparecer de vista, nessa altura o Liurai Nai Klara mandou o cavalo branco que alinhou na partida voltar para Fatu Mean. O cavalo branco era o irmão gémeo do Lekede, e este encontrava-se escondido num bosque, perto da meta final. Quando o cavalo de Betun se aproximou ele saiu do esconderijo e ganhou a corrida.
O povo do Suai entrou em Betun e trouxe toda a riqueza desta zona para casa.
Esta historia não e uma lenda, aconteceu na realidade, eu conheci pessoalmente o cavaleiro do LEKEDE, já bastante velho e de corpo pequeno e franzino. Em Betun afirmaram-me que depois da corrida do LEKEDE nunca mais aquele povo foi rico.
mco.
2 comentários:
Aquilo que Nai Klara fez foi muito imoral pois deixou muitas familias pobres.
A historia e mesmo verdadeira?
foi bom ter sido escrita pois era apenas recordacao oral e poder-se--ia perder.
Continue e bom de ler o seu blog.
Fernando
Deliciosa esta prosa. Fiquei encantado com a história
Enviar um comentário