No Bazar, – mercado – as bancas, eram panos, ou esteiras estendidas no chão, onde se vendiam principalmente produtos agrícolas, mas onde não se fiava a ninguém como nos chinas. As bancas encontravam-se alinhadas pela direita, bem vigiados por um sipaio de vara na mão, pronta a castigar os incautos que se atrevessem a desrespeitar as regras da disciplina que todos tinham de acatar. Como excepção a essa regra só os milhões de moscas e moscardos que, voando em nuvens, provenientes das largas dezenas de cavalos de carga, presos perto do local, atacavam teimosamente os olhos dos seres vivos. Quando digo seres vivos, os porcos presos por uma pata e de grunhido permanente, os galos altaneiros esperando pela hora da luta, ou os esqueléticos cães com uma coleira de corda ao pescoço, continuada por um pau para que não pudessem roer a corda, além dos frangos e galinhas amarrados pelas patas e pendurados de cabeça para baixo, esses, também eram seres vivos, não sendo menos molestados que os humanos.
Mas, o Bazar, apesar da disciplina imposta pela vara do sipaio tornava-se num pandemónio, logo após o toque da sineta, que autorizava o começo das transacções.
Era o ataque geral. À força de cotovelos, e empurrões, sem respeito pelas regras de trânsito, onde se via bem explicita a lei do mais forte, ansiosos de serem os primeiros a chegarem aos artigos que queriam comprar, os compradores, furavam e debatiam-se, numa competição que servia de pretexto, para o aumento dos preço, dos produtos expostos.
O anterior, quase se pode dizer, silêncio, era substituído por uma algaraviada de vozes, sotaques e dialectos, já não falando dos gritos e insultos, que tornava o bazar numa autêntica torre de Babel.
Eu estava notoriamente aturdido com tanta barafunda. Um dos moradores, corajosamente, depois de dizer que já voltava, enfiou-se destemidamente no meio desta batalha campal e depois de algum tempo, surgiu ileso, com um atado de tabaco, de cor amarela acastanhada e que na opinião dos entendidos, era o de melhor qualidade, pois tinha vindo do Suai, um outro Concelho, longe do nosso.
Eu, como estava com medo, que alguém me reconhecesse e lançasse o alarme, disse aos moradores que deveríamos continuar a nossa viagem, até ao nosso destino, destino esse, que eu tanto desejava e que, pelo seu imprevisto, tanto temia.
Afastamo-nos então desta contenda que tinha abrandado em violência, mas não na chinfrineira e, começamos a subir, o íngreme caminho empedrado que nos conduziria para a residência, ou melhor dizendo, para o complexo residencial e repartições públicas, da sede do Concelho.
O ambiente que existia no cimo da subida era totalmente diferente, daquele que tínhamos deixado havia poucos minutos.
A limpeza das ruas bem cuidadas, com frondosas árvores e jardins vicejantes, onde o verde de diferentes cambiantes, contrastava com a brancura imaculada das paredes das construções estilo colonial que os rodeava, um silêncio profundo que dava para ouvir o chilrear dos pássaros que em pequenos bandos, esvoaçavam de árvore em árvore pousando aqui e ali, à procura, gulosos, das afogueadas flores das acácias rubras, para depois de saciados e de novo juntos, tentarem em voos rasantes, plagiar o esvoaçar das nuvens de moscas que tínhamos deixado para trás.
Tudo era lindo e ordenado. Ali estava a escola, a secretaria do Concelho, a pousada, tudo ajardinado e o que mais me interessava, num extremo, a residência do Administrador, contraposta ao hospital que se distinguia ao longe.
Mas, o Bazar, apesar da disciplina imposta pela vara do sipaio tornava-se num pandemónio, logo após o toque da sineta, que autorizava o começo das transacções.
Era o ataque geral. À força de cotovelos, e empurrões, sem respeito pelas regras de trânsito, onde se via bem explicita a lei do mais forte, ansiosos de serem os primeiros a chegarem aos artigos que queriam comprar, os compradores, furavam e debatiam-se, numa competição que servia de pretexto, para o aumento dos preço, dos produtos expostos.
O anterior, quase se pode dizer, silêncio, era substituído por uma algaraviada de vozes, sotaques e dialectos, já não falando dos gritos e insultos, que tornava o bazar numa autêntica torre de Babel.
Eu estava notoriamente aturdido com tanta barafunda. Um dos moradores, corajosamente, depois de dizer que já voltava, enfiou-se destemidamente no meio desta batalha campal e depois de algum tempo, surgiu ileso, com um atado de tabaco, de cor amarela acastanhada e que na opinião dos entendidos, era o de melhor qualidade, pois tinha vindo do Suai, um outro Concelho, longe do nosso.
Eu, como estava com medo, que alguém me reconhecesse e lançasse o alarme, disse aos moradores que deveríamos continuar a nossa viagem, até ao nosso destino, destino esse, que eu tanto desejava e que, pelo seu imprevisto, tanto temia.
Afastamo-nos então desta contenda que tinha abrandado em violência, mas não na chinfrineira e, começamos a subir, o íngreme caminho empedrado que nos conduziria para a residência, ou melhor dizendo, para o complexo residencial e repartições públicas, da sede do Concelho.
O ambiente que existia no cimo da subida era totalmente diferente, daquele que tínhamos deixado havia poucos minutos.
A limpeza das ruas bem cuidadas, com frondosas árvores e jardins vicejantes, onde o verde de diferentes cambiantes, contrastava com a brancura imaculada das paredes das construções estilo colonial que os rodeava, um silêncio profundo que dava para ouvir o chilrear dos pássaros que em pequenos bandos, esvoaçavam de árvore em árvore pousando aqui e ali, à procura, gulosos, das afogueadas flores das acácias rubras, para depois de saciados e de novo juntos, tentarem em voos rasantes, plagiar o esvoaçar das nuvens de moscas que tínhamos deixado para trás.
Tudo era lindo e ordenado. Ali estava a escola, a secretaria do Concelho, a pousada, tudo ajardinado e o que mais me interessava, num extremo, a residência do Administrador, contraposta ao hospital que se distinguia ao longe.
Respirei fundo, enchendo os pulmões deste ar rarefeito que me fazia sentir mais leve e feliz por estar aqui.
(in “Buan”)
mco
(in “Buan”)
mco
2 comentários:
E pena que nao se compreenda pelo texto nem o anterior nem o depois.
"Buan" e o nome de um livro? esta a venda gostaria de ter mais informacoes sobre o assunto.
Sabino martins
Desculpe so agora responder a sua pergunta, mas o mes de AGOSTO tem dessas coisas.
Buan e efectivamente o nome de um escrito na calha para ser publicado mas que por motivo de me encontrar fora de Timor ou Portugal
ESTA EM LISTA DE ESPERA.
Para melhor informacao trata'se da historia de um timorense que por motivos do seu nascimento ficou condicionado pelo estigma de Buan "bruxo" que o marcou, apesar dos esforcos feitos por ele, na mudanca sua vida, que culminou com a sua tragica morte.
Espero, se Mau Lear concordar, enviar para publicacao, mais algumas entradas desse escrito.
um abraco,
mco
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