Este texto foi tirado do livro "A historia de uma menina de Timor ou como Bui Terssa descobriu o Mundo" e descreve a historia de uma menina Timorense de 5 anos de idade que se viu obrigada a viver escondida no mato, para fugir as tropas Indonesias e mais tarde a cohabitar com o Invasor.
Um dia.., não sei qual a data, mas sei que era no fim da época das chuvas, o céu nasceu cor de breu e sem matizes que nos dessem um pouco de serenidade. O negro do céu era total e dava ao ambiente um travo de amargura que deixava as nossas almas tristes e os nossos corações cheios de angústia. Só a ténue luminescência do astro-rei esgueirando-se por alguma frecha esquecida da capa que nos cobria, dava a indicação de que o dia já tinha despontado. Para mim era deprimente este cenário pesado e negro do ambiente que nos rodeava. Abruptamente ela desceu em catapultas. O céu abriu-se, como se o peso do negrume fosse tal que retalhasse o fundo do firmamento, derramando a sua essência sobre a natureza estarrecida.
Um dia.., não sei qual a data, mas sei que era no fim da época das chuvas, o céu nasceu cor de breu e sem matizes que nos dessem um pouco de serenidade. O negro do céu era total e dava ao ambiente um travo de amargura que deixava as nossas almas tristes e os nossos corações cheios de angústia. Só a ténue luminescência do astro-rei esgueirando-se por alguma frecha esquecida da capa que nos cobria, dava a indicação de que o dia já tinha despontado. Para mim era deprimente este cenário pesado e negro do ambiente que nos rodeava. Abruptamente ela desceu em catapultas. O céu abriu-se, como se o peso do negrume fosse tal que retalhasse o fundo do firmamento, derramando a sua essência sobre a natureza estarrecida.
A cortina de água que caiu, era um fenómeno algo frequente em Timor, geralmente de breve duração, mas ocasionando sempre enxurradas destruidoras.
O nível de água depressa subiu e a pequena ribeirinha contígua ao nosso abrigo, começou a extravasar do seu avoengo leito, inundando as margens e tornando a gruta num lago subterrâneo. O meu avô temeu o pior e mandou que o meu tio “António Aman” levasse a minha avó, eu, a minha tia mais nova, Natália e o meu tio Cristóvão para o outro lado da ribeira, onde nos refugiaríamos numa casinha que havia na horta.
O nível de água depressa subiu e a pequena ribeirinha contígua ao nosso abrigo, começou a extravasar do seu avoengo leito, inundando as margens e tornando a gruta num lago subterrâneo. O meu avô temeu o pior e mandou que o meu tio “António Aman” levasse a minha avó, eu, a minha tia mais nova, Natália e o meu tio Cristóvão para o outro lado da ribeira, onde nos refugiaríamos numa casinha que havia na horta.
Aí começaram os nossos problemas.
Depois de ultrapassada a torrente e também a vedação do quintal, dirigimo-nos para cima onde estava a guarda, com o fito de nos refugiarmos da chuva que era diluviana. Ao chegarmos perto de um maciço de bananeiras, a minha avó quis cortar uma folha para nos servir de guarda-chuva, eis quando surgindo do nada, soldados de armas em punho apontadas a nós nos cercaram, e alguém na língua Mambai nos mandou pôr as mãos para cima e que não tentássemos fugir, pois que disparavam a matar.
Fiquei apavorada e agarrei-me à minha avó que se sentou de cócoras e me abraçou, também cheia de terror. A minha tia Natália que teria pouco mais ou menos quatorze anos e o meu tio Cristóvão, de quinze, ficaram ambos abraçados e paralisados de medo, o meu tio “António Aman”, apenas levantou os braços em sinal de rendição.
Num ápice, estávamos rodeados de buracos negros que apontavam para nós ameaçadores e feios. O tradutor, um Timorense de etnia Mambai como nós, ia explicando que não era necessário termos medo pois os “Pápas *” não nos queriam fazer mal. Mandaram então que subíssemos na direcção da casita que servia de guarda da horta, onde nos sentámos encolhidos a um canto cheios de pânico. A minha avó tremia como varas verdes fustigadas por vento selvático, eu chorava baixinho com medo de que os demónios que nos rodeavam me ouvissem. Os meus outros tios também encolhidos de cócoras faziam por sobreviver.
A minha avó entretanto, sussurrou-nos que disséssemos que estávamos sozinhos, se eles perguntassem por outras pessoas. Não perguntaram nada. Após a chuva parar, mandaram que seguíssemos em fila indiana no meio deles, para lugar indeterminado. Atravessámos a horta e começámos a descer para a ribeira de Cumain. Eu ia bem agarrada à minha avó ainda com as pernas a tremer, de frio e de medo. A velhota estava com muita tosse, ficando por vezes quase que sufocada.
Quando chegamos à ribeira esta levava bastante água e como o meu tio “António Aman” estava a amparar a minha avó, um dos “Japaneses *” pegou em mim e pôs-me às cavalitas, para a atravessar. Tive tanto medo que fiz chichi em cima do mafarrico que me carregava, mas talvez por estarmos todos empapados com a água da chuva e porventura não tivesse sentido, ele não me disse nada.
“in A historia de uma menina de Timor
ou como Bui Terssa descobriu o mundo”
mco
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· Japanês - era a inicial maneira usada pelo povo, para chamar os Indonésios.
· * Pápas - de Bapak (língua Indonésia – senhor ) maneira do povo chamar os Indonésios.
Fiquei apavorada e agarrei-me à minha avó que se sentou de cócoras e me abraçou, também cheia de terror. A minha tia Natália que teria pouco mais ou menos quatorze anos e o meu tio Cristóvão, de quinze, ficaram ambos abraçados e paralisados de medo, o meu tio “António Aman”, apenas levantou os braços em sinal de rendição.
Num ápice, estávamos rodeados de buracos negros que apontavam para nós ameaçadores e feios. O tradutor, um Timorense de etnia Mambai como nós, ia explicando que não era necessário termos medo pois os “Pápas *” não nos queriam fazer mal. Mandaram então que subíssemos na direcção da casita que servia de guarda da horta, onde nos sentámos encolhidos a um canto cheios de pânico. A minha avó tremia como varas verdes fustigadas por vento selvático, eu chorava baixinho com medo de que os demónios que nos rodeavam me ouvissem. Os meus outros tios também encolhidos de cócoras faziam por sobreviver.
A minha avó entretanto, sussurrou-nos que disséssemos que estávamos sozinhos, se eles perguntassem por outras pessoas. Não perguntaram nada. Após a chuva parar, mandaram que seguíssemos em fila indiana no meio deles, para lugar indeterminado. Atravessámos a horta e começámos a descer para a ribeira de Cumain. Eu ia bem agarrada à minha avó ainda com as pernas a tremer, de frio e de medo. A velhota estava com muita tosse, ficando por vezes quase que sufocada.
Quando chegamos à ribeira esta levava bastante água e como o meu tio “António Aman” estava a amparar a minha avó, um dos “Japaneses *” pegou em mim e pôs-me às cavalitas, para a atravessar. Tive tanto medo que fiz chichi em cima do mafarrico que me carregava, mas talvez por estarmos todos empapados com a água da chuva e porventura não tivesse sentido, ele não me disse nada.
“in A historia de uma menina de Timor
ou como Bui Terssa descobriu o mundo”
mco
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· Japanês - era a inicial maneira usada pelo povo, para chamar os Indonésios.
· * Pápas - de Bapak (língua Indonésia – senhor ) maneira do povo chamar os Indonésios.
8 comentários:
ETERNAMENTE SOS
PORTUGAL ABANDONOU TIMOR
HA TRINTA E DOIS ANOS ATRAS
OS QUE ANDAM PR'AI A COMENTAR
SAO PRIMOS DIREITO DO BARRABAS
ABANDONO MONETARIO E CULTURAL
MUITO IGUAL AO MENSAGEIRO
NAO FOSSE EU SENHOR MINISTRO
E POR SINAL UM SR ENGENHEIRO
OS QUE DETESTAM A AUSTRALIA
MAL CONHECEM O AUSTRALIANO
JULGAM TODOS PELO GOVERNO
COMO SE FOSSE UM POVO MARCIANO
SERA QUE TEMEM O FUTURO
OU NAO CONFIAM EM SI MESMOS
ARRANJAM MIL E UMA DESCULPAS
ACABAM EM MEIA DUZIA DE TORRESMOS
UM ABRACO
MAU DICK
O teu rimar Mau Dick, tem forca,
Tem forca o teu rimar.
Dá-lhes com a rima Mau Dick
Vamos faze-los parar
Os BARRABASES, Mau Dick
estão sempre a vomitar
Eles vomitam ferro e fogo
E ao inferno vão parar.
Tens razão no que dizes
Mas não acredites talvez
Portugal é o seu povo, e não
O Ministro Português
Esses tais Barrabases, que falas
Não são nem menos nem mais,
Que estrangeiros, mal dizentes
São COMUNAS MARGINAIS.
A braco Arlindamente
Mau Lear
A RIMAR E QUE A GENTE SE ENTENDE
TIREI AS PROVAS DO NOVE
ACERTEI NO OLHO DO TOURO
VOU AGORA BEBER A SAUDE
DESTE MEU AMIGO DE SOCORRO
A RIMAR E QUE A GENTE SE ENTENDE
BEM DIZIA O POETA LACATEU
PARA BOM ENTENDEDOR MEIA PALAVRA
SIGNIFICA O MUNDO MEU E TEU
A COMUNICE PASSOU DE MODA
AGORA E SO PARA O ATRASADO
OS SONHADORES DO CHE CHE
E OS DE ESPIRITO ATROFIADO
UM ABRACO
MAU DICK
CIRCO MORTO-VIVO
CONVIDA-SE A POPULACAO EM GERAL PARA PRESENCIAREM NO PROXIMO DIA ,AO ESPECTACULO DE GALA, INTITULADO "CIRCO MORTO-VIVO".
O ESPECTACULO, EM DUAS PARTES, FAZEM PARTE "OS ETERNOS PALHACOS",
E, SERA APRESENTADO PELA PRESTIGIOSA FIGURA "11 CENTIMETROS".O ACTO MAIS IMPORTANTE SERA O APARECIMENTO DO MORTO-VIVO "A LA HOUDINE"(SORT OF)
TERA LUGAR DO ESTADIO NACIONAL, COM INICIO AS 15HRS LOCAIS.
A ENTRADA E GRATUITA.
UM ABRACO
MAU DICK
Mau Lear
What's up mate?
Long time no ear from you.
Have you been too busy?
Regards
Mau Dick
A vida, tem altos e baixos,
Que o mar agitado faz lembrar,
A vida é dura e maldosa
é uma cruz difícil de levar.
Mas MAU DICK, não temas
Que algo me possa afectar,
Estou de volta de novo
E com muita fúria a rimar
Um projecto novo, vai nascer,
Neste “site”, brevemente,
Espero que vás compreender
Sinceramente e Arlindamente.
Regards
Mau Lear
MAU LEAR
VAIS DAR A LUZ BREVEMENTE
UM PROJECTO NOVO E INOVADOR
CA ESPERAREI ANSIOSAMENTE
POR TAO LINDO PROGENITOR
A VIDA E DURA CERTAMENTE
MAS ELA E CURTA E PASSAGEIRA
NAO DEVEMOS MUITO MATUTAR
POIS NAO TEMOS GRANDE BAGAJEIRA
UM GRANDE ABRACO
MAU DICK
O Projecto, Mau Dick
Esta quase a rebentar
Eu garanto-te Mau Dick
Que te vais admirar.
UM abracao ARLINDAMENTE
Mau Lear
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