sexta-feira, 1 de agosto de 2008

EM MEMÓRIA


Joaquim Inês Martins de seu nome e “Cowboy Lino” de alcunha. Nasceu segundo dizia, na Serra da Estrela, talvez na Covilhã, em Portugal. Da família pouco se sabia a não ser a incompatibilidade com seu pai que dizia ser rico. Falava de vez em quando em viagens que fazia conduzindo camionetas pela Europa fora, e se era verdade ou não, seria difícil de saber. Na verdade a sua vocação para a condução de carros de carga e também de motos era patente.
A alcunha de “cowboy Lino” vinha-lhe precisamente da sua habilidade de andar de moto. Ainda militar punha-se em pé nos patins da sua moto, para fazer continência ao comandante militar quando se cruzava com o seu carro nas ruas de Dili. A sua continência era tão acrobática que foi dispensado, por despacho do próprio Comandante militar de Timor, de lhe fazer continência quando transitasse de velocípede.
Na pacata Dili dos anos 65/66 e seguintes, não haveria certamente ninguém que o não conhecesse. Para ele tanto era homem, o descalço como o calçado, e se tivesse algum problema com alguém, seria só por motivo de algum negócio que não tivesse corrido bem para algum dos lados. Não era um animal político, mas era sim um animal de negócios e de trabalho.
O seu relacionamento com seu pai condicionou de vez a sua vida, e quando chegou a altura de regressar a Portugal, para terminar o seu tempo de tropa, resolveu passar à disponibilidade em Timor. E por lá ficou. Acabou por casar com uma rapariga chinesa de Ermera, e no ambiente de negócios, onde se sentia bem, prosperou, possuindo já duas camionetas de carga e uma casa, quando de um ápice perdeu tudo e perdeu até a própria vida.
Sonhei com ele a noite passada e sem dúvida eu teria de escrever algo sobre ele, um verdadeiro mártir da descolonização feita por Portugal, cuja culpa era como dizia o “metan de Taibesse” que se entretinha a chicoteá-lo, quando estava com os copos, “toma lá por seres Cowboy”.
Paz à sua alma.

mco

2 comentários:

Anónimo disse...

Ola Mau Lear!
Esqueceste-te do cowboy Mota e do cowboy Jonatas.

Um Abraco

Mau Dick

Anónimo disse...

Olá Mau Dick o teu comentário ao escrito de "mco" é bem metido pois que esses eram cowboys também, mas maus. Foram daqueles que assaltavam
"transatlânticos parados no meio do Oceano"

Um abraço Arlindamente

Mau Lear