domingo, 3 de janeiro de 2016


A ÁRVORE NATAL DE TIMOR

A árvore de Natal de Timor é polémica na boca dos Timorenses, que mercê da época Natalícia que se atravessa, apenas falam devagar e baixinho em forma de oração ou ladainha.

 



 

A árvore de Natal de Timor não tem luzes, dizem uns.

Não há eletricidade, dizem outros.

Não há dinheiro, dizem todos.

Há dinheiro, mas não chega para todos.

A árvore está inclinada, dizem alguns.

Para a esquerda, ouve-se sussurrar.

Qual que?  inclinada está! mas NÃO p’rá esquerda.

Para aonde? Alguns perguntam.

Para os “Kóes” dos tubarões.

E para a boca dos avós “Lafaek”.

Tudo, a costumada má língua de Díli, e,

tudo por causa da Árvore de Natal.

A árvore de Natal de Timor,

Que nem sequer é um pinheiro,

Pois em Timor não há pinheiros, só ai-kakeus,

E, a má língua continua como música de fundo,

Tapando o choro das crianças,

sem leite e

sem pão.

Sem brinquedos para brincar.

Sem doces para comer,

sem roupa nova para estrear, quando vão com os pais à missa do galo.

Sem Perú para a consoada, consoada? Que é isso?

Bom, seriam uns rebuçados e um pouco de pão,

E um copo de leite,

E um pudim de ovos,

bem, se não houvesse ovos, talvez uma “hudi-sona”,

com um café, ou um chá para enganar.

São isto os sonhos do Natal, do menino Jesus, - e do menino de Timor- deitado numas palhinhas, naquele presépio pequenino feito em casa com muito amor, e com luz de uma vela. O presépio tem luz…

Mas deixemo-nos de sonhos e poesia barata, pois temos que ir ver o Mau Buti que está a chorar, ele ficou coberto de pó quando um Jeep Hummer de vidros escuros passou mesmo junto da palapa e a nuvem de pó, encheu todos os buracos da casa.

mco

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